HISTÓRIAS DE SUCESSO, PERSONALIDADES

ANARRIÊ, ALAVANTÚ, BALANCÊ

ORIGEM DAS QUADRILHAS JUNINAS E SUA HISTÓRIA EM SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE

Alguns termos utilizados nos comandos do marcador das quadrilhas, chamam atenção por não ser originário da nossa língua, o anarriê, alavantú… cutucam a nossa curiosidade para pesquisar de onde veio essa dança tão contagiante, que permeia e não pode faltar no São João nordestino. Pela forma de pronúncia, nos faz lembrar uma língua bem conhecida nossa, o Francês, mas será que um povo tão chique também  dançava a quadrilha matuta?

Resultado de imagem para quadrilhas juninas historia

A história trata de contar como tudo começou, as modificações e adaptações para as diferentes classes sociais, como as quadrilhas das elites francesas ganharam as ruas, ganharam o povo, ornamentam as festas juninas, o São João nordestino e o povo todo sem distinção, dançam sob os comandos do anarriê e do Alavantú!

Resultado de imagem para quadrilhas juninas historia

Surgiu em Paris no século XVIII, dança de salão da elite européia, com apenas quatro casais. Chegou ao Brasil por volta de 1830 e era febre na aristocracia, afinal éramos uma imitação dos acontecimentos da Europa. Dos salões da elite,  a quadrilha fez um percurso de adaptações e chegou as festas matutas do interior do Brasil. Ganhou um casamento forçado, roupas remendadas, mas o elegante anarriê e o alavantú, ficaram lá em seus comandos, para nunca ser esquecido que a quadrilha é uma dança parisiense.

Apesar de ter sido para o Rio de Janeiro a importação da quadrilha, onde estava instalada a corte e a elite em volta dela, é no Nordeste que essa dança ganha tamanha importância e em festas juninas, não pode faltar, seja para competição ou simplesmente para a diversão das pessoas pelas ruas ou em pátios do forró!

VAMOS AOS TERNOS:

Anarriê (an arrière – para trás) Alavantú, (En Avant, Tout ) quer dizer: Todos vão pra frente. BALANCÊ (balancer) – Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar.

Anarriê, alavantú e balancê, foi o abrasileiramento das expressões usadas em folguedos de origem francesa praticadas em festas nordestinas.

QUADRILHAS EM SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE

UM PASSEIO NA HISTÓRIA

Em Santa Cruz começou por volta dos anos 60, na rua do Alto marcada por  José Pedro. A família Amaral,  ao chegar na cidade dá continuidade e introduz às quadrilhas o casamento matuto , através do marcador Francisco Amaral e ele deu sua significativa contribuição para o acontecimento dessa história.

Francisco Amaral

Sob os comandos de Amaral, as quadrilhas foram evoluindo e ganhando características próprias como, a quadrilha da rua Grande organizada por neta de Zé Mestre, a quadrilha do mobral, primeira a participar de competição, jabuti, cebola, peruas, virgens, foram algumas dentre as muitas que foram surgindo e elas faziam a alegria dos moradores da cidade em períodos de festas juninas.

A prefeitura parava um carro de som na rua, as pessoas iam chegando e formando seus pares, um sanfoneiro puxando o ritmo e o marcador comandando os passos e o som de Rafael dos oito baixos, da lenda Biu Marcelino, Fogoió dos oito baixos, todos sob os comandos de seu Francisco Amaral a festa estava pronta para começar.  O São João da nossa cidade era assim, as famílias estavam nas ruas dançando ou simplesmente assistindo, recorda Fernando Amaral.

Fernando e Fabiano Amaral

Fernando Amaral,  é hoje um dos marcadores de quadrilhas da cidade, juntamente com seu irmão Fabiano, herdaram do pai, Amaral, o talento para locução e comando dessa dança. Sem esquecer de Nelson Gogó de ouro, que sucedeu seu Francisco e Valmir que faz parte da mais nova geração de marcadores de quadrilhas juninas da nossa cidade.

“Houve um tempo em que havia quarenta noites seguidas de quadrilhas, porque o São João aqui era uma festa pequena, mas com o crescimento, diminuíram as quadrilhas, esse ano só temos vinte aqui em Santa Cruz e em São Domingos tem dez…”.

Incentivado por seu pai e Dona Gercina Freitas, sua professora, seu Fernando marcou sua primeira quadrilha, desde então seguiu carreira de marcador e com a Quadrilha da Sulanca participa de campeonatos e sente saudade da tradição do anarriê, alavantú das quadrilhas de rua, pois nos campeonatos são levados temas e algumas tradições são deixadas de lado. ” É preciso resgatar nossa cultura no nosso são João”.

10432137_10202224403362519_3494927474003771402_n
Quadrilha da sulanca no Moda Center

A Quadrilha da Sulanca começou há quinze  anos, é um projeto de seu Fernando que começou com vinte pares de dançarinos de quadrilhas de rua. “Depois com uma visão mais social,  começamos trabalhar com pessoas carentes do Santo Agostinho e São domingos e hoje pessoas que eram viciadas em drogas, estão casadas e com negócio próprio e puderam entender que é possível ser feliz dançando”.

A Quadrilha da Sulanca liderada por seu Fernando Amaral, hoje é a que mais faz apresentação nas festas juninas, participou de várias competições e ganhou vários prêmios, mas para ele, representar a cultura da terra da sulanca é o seu maior prêmio e objetivo.

A quadrilha da Sulanca hoje, dança  por muitos bairros da cidade e esse ano ganhou a versão mirim, “A Sulanquinha”, primeira do agreste com alunos da rede pública entre 12 e 15 anos de idade. Vem se preparando e vai participar do campeonato pernambucano no sítio Trindade em Recife ainda esse ano.

Uma das preocupações de seu Fernando é com a continuidade dos marcadores de quadrilhas da cidade, “hoje temos apenas três, eu, meu irmão e Valmir, os jovens estão buscando outras culturas, esquecendo as origens”. Um maior incentivo, maior apoio seria vital para dá continuidade a uma história tão antiga e que tem marcado com muita alegria, a história das festas juninas, principalmente no Nordeste.

Santa Cruz agradece esses homens que fizeram a história das quadrilhas Juninas acontecer. Obrigada Seu Zé Pedro! Obrigada seu Francisco Amaral! Obrigada Nelson Gogó de ouro!  Valmir e Fabiano! Obrigada seu Fernando Amaral por dá continuidade e nos contar essa história!

 

Deixe um comentário